sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Fotojornalismo X Arte? Questão de sorte?


Fotojornalismo? Arte? Quais são as características de fotojornalismo e quais são as de arte? Como fazer esses dois campos se encontrarem?


Para Claudinei Nakasone, é o fotojornalismo que é arte. “Fotografia é arte em todas as instâncias (...) só em publicidade, acho que não”


Para Ed, a fotografia documental tem um dado muito importante: o acaso. “Às vezes, da pauta mais banal surge algo muito bacana (...) já fotografei a noite das melhores vendedoras de tuppaware no Copacabana Palace”.


Nário concorda totalmente com a questão do acaso no trabalho do fotojornalista. Para comprovar, ele cita um caso recente, da fotografia que rodou todo o mundo com o presidente venezuelano Hugo Chavez com orelhas do Mickey Mouse.
E você, o que acha? Fotojornalismo é arte? A sorte é um fator determinante para uma boa foto? Expresse também sua opinião, comente!


Auto-Foto-Retrato


“Eu amo fotografar bandeirinhas e eu me perguntava o porquê. Aí eu descobri que morava em frente a casa do Volpi. Fotografar é se reconstruir”. Claudinei Nakasone retoma um dos atemas de discussão fundamentais da “II Semana”: o quanto a bagagem do fotógrafo influencia no seu trabalho. O quanto o trabalho do fotógrafo é um reflexo de sua própria história. Nakasone ressalta a importância que a trajetória pessoal tem na criação da paixão que é fundamental para o trabalho fotográfico. Ele fala, especificamente, de sua paixão por fotografia de teatro, e da dificuldade que essa modalidade apresenta de capturar numa imagem aquilo que o diretor quer dizer. Também diz que o conhecimento de todas as etapas de trabalho teatral é essencial.

Fanático por galinhas, Claudinei mostra fotos de seu portfólio, que inclui desde fotos de objetos até nu femininos. Encerramento bem eclético para a “II Semana”, não acha?

Bola na rede...


A “II Semana de Fotojornalismo” está chegando ao fim. Nada melhor para encerrar a “Semana”, que teve como tema principal “O Mito”, do que o trabalho do palestrante Ed Viggiani sobre futebol. O grande esporte nacional vira, nas lentes do fotógrafo, o mito da bravura, da vitória, da derrota, da união, da brasilidade. Suas fotografias têm um poder que apela para o coração e para a imaginação de cada brasileiro. Ele focaliza o futebol em sua essência, em suas manifestações mais fundamentais. Sua lente mostra um esporte inesperado, um futebol de várzea, de crianças, de torcida.
O mito do futebol cruza todo o país, assim como as fotos de Ed. Depois da derrota por três a zero pra Argentina, nada como ver o esporte em sua manifestação mais pura, mais cheia de classe como capturado por Ed. E tudo isso só na “II Semana de Fotojornalismo”, um gol olímpico pra quem quiser aprender sobre fotografia.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Foto e poder

Até que ponto há racionalização na fotografia? É como no Esporte: há a técnica, que deve ser interiorizada até virar instinto e há um direcionamento. No fotojornalismo, esse direcionamento é a informação. A foto deve ter uma carga informativa poderosa e o fotógrafo deve ter a capacidade de prever a informação que será captada. O poder da cada imagem capturada depende da abertura do fotógrafo, de sua capacidade de se surpreender, compreender e respeitar a realidade. Uma boa fotografia é entremeada pela ética. O fotógrafo constrói uma realidade, portanto é responsável por sua criação. Ele é detentor de um poder e de um imenso dever. Essa é a conclusão de “Especialização do Olhar”. Não perca amanhã a oficina de pinhole e a palestra “Fotojornalismo e Arte”.

Fotografia ontem e hoje

Flash, filtro FLW, tripé... Problemas técnicos que hoje a fotografia digital resolveu. Mas, há 10 anos, uma luz podia estragar todo um trabalho. É a opinião de Rosa Gaudiano, que acredita que a fotografia digital facilitou um lado, mas acabou com o que chamamos de autoria. A vontade de publicar cria fotógrafos anônimos. “Assinar certos contratos é como fazer pacto com o diabo”. É a informação e a formação que pode esclarecer e nos fazer refletir o que faremos com nosso trabalho, conhecer as regras do jogo, diz Rosa.


A Semana em fotos: Saída fotográfica



































































Três Olhares sobre Fotojornalismo alternativo

Mais que “Especialização do Olhar”, a palestra de hoje tem se mostrado uma perfeita aula de história sobre fotojornalismo brasileiro. Rosa Gauditano, por exemplo, contou sobre seu dia-a-dia como uma das primeiras mulheres fotógrafas do país. Ela conta que quando o jornal Folha de S. Paulo renovou seu quadro de fotógrafos e incluiu, pela primeira vez, fotógrafAs. As mulheres foram a grande manchete. É com orgulho que ela relata: “Uma de nós sempre emplacava foto de capa. E ainda ameaçava pintar toda redação de rosa”. Rosa também falou sobre sua decisão de abandonar a Veja (e seu salário generoso) para buscar um trabalho mais autoral. “Quando você trabalha na grande mídia, ela acaba te pautando”, diz. A profissional se diz realizada com sua decisão. Seus principais trabalhos incluem uma série de imagens sobre festas populares e outra sobre os índios Xavantes.

Outra trajetória interessante é a de Juca Martins. O fotógrafo relatou sua luta pela organização do sindicato dos fotojornalistas e pelo respeito aos direitos autorais do fotógrafo. A grande missão por trás de sua militância era fazer do fotógrafo um agente pensante, e não mero reprodutor das ordens que vinham da redação.

Nosso terceiro olhar vem de Emídio Luisi, prova de que a fotografia é também a reprodução da trajetória do fotógrafo. Seu principal trabalho, que tem como tema os imigrantes italianos de São Paulo, é fruto de sua própria origem italiana. Emídio também se destaca pelo seu envolvimento na fundação de grandes agências expoentes do fotojornalismo alternativo brasileiro, além de suas experiências com a “fotografia de palco”, uma série de imagens ligadas diretamente a produção teatral.

Três olhares, três experiências, três especializações. Não perca mais detalhes sobre essa palestra aqui, no blog da “II Semana de Fotojornalismo“.